terça-feira, 28 de junho de 2011


Robert Raikes e a Escola Dominical

O que pode nos ensinar Robert Raikes?

Creio que Robert Raikes pode nos ajudar no debate atual sobre a Escola Dominical, afinal foi ele quem a criou. Ou pelo menos, foi ele quem obteve mais sucesso com a idéia.
Vamos ouvir sua história.

1. O Problema – A situação era conseqüência, não causa

Certo domingo de 1780, Robert Raikes encontrou, numa área pobre de Gloucester, um grupo de crianças maltrapilhas brincando na rua. Enquanto ele censurava severamente o grupo de delinqüentes juvenis, uma senhora que ele acompanhava a casa após o culto interrompeu-o para explicar-lhe que estes jovens violentos e impetuosos existiam porque, quando crianças foram ignorantes, pobres e sem instrução.
- “Porque, então, eles não vão à escola aprender?”, perguntou Raikes.
- “Por que não podem”, replicou ela.
- “Mas que disparate!”, disse Raikes. “Há tantas escolas particulares que oferecem instrução livre e gratuita. Porque é que estes pequenos pagãos não vão para uma delas?”.
- “Porque”, acrescentou ela, “eles trabalham em fábricas em regime de 12 horas por dia, durante 06 dias por semana. O Senhor Pode dar-me uma sugestão onde é que eles poderão ir estudar? Só os jovens de classe média, que não precisam trabalhar, é que podem freqüentar essa suas escolas”.

2. A Solução – Resposta à demanda social

Raikes percebeu que essas crianças estavam a um passo do mundo do crime e ele chegou a ver o destino de muitas delas, ao visitar as prisões de Gloucester. Então decidiu: melhor prevenir do que remediar.
- “Ora se eles trabalham durante a semana toda vamos ensiná-los no domingo”.
Então, Raikes contratou uma equipe de quatro mulheres no bairro para lecionar em cozinhas transformadas em salas de aulas, recebendo um xelim e seis pence, cada uma.
As aulas começavam às 10 horas da manhã e iam até as duas da tarde, com lições de matemática, história e inglês, com um intervalo de uma hora para o almoço.
Assim, a Escola Dominical nasceu operando de forma independente das igrejas, alfabetizando e ensinando Bíblia às crianças carentes.

3. O Perfil do Egresso – Educação para a vida

Seu objetivo principal não era ensinar a Bíblia, mas alfabetizar os alunos e ministrar aulas de religião com o propósito de reformar a sociedade. O objetivo último era modificar-lhes o caráter usando os ensinamentos bíblicos.

4. Os Resultados – Transformação de vidas e da sociedade

Depois de um período experimental, Raikes divulgou suas idéias e os resultados em seu jornal, no dia 3 de Novembro de 1783. Esta experiência foi transcrita em outros jornais. Líderes religiosos tomaram conhecimento do movimento que se espalhava.
Em 1784 eram 250 mil alunos matriculados. A taxa de criminalidade de Gloucester caiu, com o advento das escolas dominicais de Raikes, de forma que em 1792 não houve um só caso julgado pela comarca de Gloucester.
Impressionado pelas escolas dominicais fundadas por Raikes, que eram responsáveis pela redução do índice de criminalidade de Gloucester, William Fox, diácono da Igreja Batista, o chamou para formar uma associação para promoção e criação de escolas dominicais (Sunday School Society of Great Britain - Sociedade da Escola Dominical da Grã-Bretanha). Essa sociedade foi ajudada por muitos filantropos, podendo abrir cerca de trezentas escolas dominicais, suprindo-as com livros, material didático e professores. Esta sociedade publicou, na gráfica de Raikes, o Sunday School Companion, livro com versículos bíblicos para leitura.

5. A Oposição – Resistência às mudanças

Houve, no entanto, uma forte oposição ao movimento de Raikes, que era considerado por alguns líderes religiosos (por incrível que possa parecer) como um movimento diabólico, porque funcionava à parte das Igrejas e era dirigido por leigos, isto é, pessoas que não tinham formação pedagógica. O Arcebispo de Canterbury reuniu os bispos para considerar o que deveria ser feito para exterminar o movimento. Chegou-se a pedir que o Parlamento, em 1800, aprovasse um decreto para proibir o funcionamento de escolas dominicais. Achavam que este movimento levaria à desunião da Igreja e que profanava “o dia do Senhor”.
Contudo, a oposição se dissipou e o movimento das escolas dominicais prosperou.
E aqui estamos nós, graças ao Senhor e a pessoas como Raikes.